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Conversas informais sobre Cinema, Processo Criativo, Direção de Fotografia, Storytelling e Produção. Nelas também há lugar a temas bastante mais transversais, que nos levam a explorar o lado mais humano de cada profissional. Alguns exemplos são Soft Skills, Relações Humanas, Síndrome do Impostor e Marca Pessoal.

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Episódios de uma jornada na produção audiovisual, com partilha de dicas e conhecimento que vou adquirindo, não só nas áreas de vídeo e cinema mas também de marketing digital, storytelling e gestão, com alguns apontamentos de neurociência e psicologia.

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Baseado na ascensão do primeiro grande maestro norte-americano, MAESTRO conta-nos a história de amor que viveu com a sua mulher, companheira de uma vida. Felicia, que com um jeito ingénuo e sonhador encontra no cheiro de Lenny o mesmo que a gabardina do pai, onde se sentia segura, é quem motiva Lenny a lançar-se numa variedade de projectos em que ele próprio não acreditava ser possível conciliar.

Para o apoiar, Felicia vai deixando para segundo plano os seus próprios sonhos e vê-se obrigada a aceitar os affairs de Lenny com outros homens. E se no início ela se sentia bem com estas cedências, este doar do seu tempo e em cuidar tanto dos filhos como dele, com o passar dos anos esta situação começa a provocar-lhe sérias frustrações e a revolta silenciosa acaba. É aqui que os papéis do casal de alguma forma se invertem, revelando a força de uma mulher que pretende lutar pela sua individualidade e a fragilidade de um homem que se sente algo perdido sem a companhia dela. MAESTRO tocou-me especialmente por falar da importância de manter a nossa individualidade mesmo quando gostamos de ajudar e fazer o bem pelos outros, assim como de assumir que o vínculo é sem dúvida a força motriz da vida e que não há talento nem sucesso que o substitua. 

A cinematografia arrebatadora aliada à banda sonora e efeitos sonoros brilhantemente coreografados com as emoções dos personagens seriam o suficiente para considerar OPPENHEIMER uma obra-prima do cinema. Ainda assim, Nolan coloca a cereja no topo do bolo e retrata mais uma vez a condição humana com genialidade.

Oppenheimer exprime a sua clara necessidade de dominância desenvolvendo uma arma de destruição em massa que, apesar de lhe permitir ser assim "o homem mais importante do mundo", o deixa com um sentimento de culpa aterrador. Como se a exploração deste ego frágil não bastasse, entra a de Strauss que veste a capa da proteção dos valores humanos, disfarçando assim a frustração que sentiu por Oppenheimer lhe ter desconsiderado a ideia de um outro tipo de bomba, somando a este facto uma má interpretação de um simples gesto. Meses antes, depois de uma conversa entre Oppenheimer e Einstein, Einstein passa por Strauss e não lhe diz nada. Na interpretação de Strauss, Oppenheimer terá dito algo a Einstein para o colocar contra ele, mas na verdade Einstein estava apenas muito preocupado com o que tinha acabado de falar com Oppenheimer, que era bem mais importante. A grande lição que retirei deste filme é que por muito gigantes que possam ser os interesses de carácter científico, político e social, acaba por ser a insegurança que está nas profundezas daqueles que tomam as decisões que determina se uma guerra (no sentido lato ou figurado) começa ou não. Ajudou-me também a relembrar a necessidade que todos temos de em adultos fazermos o chamado "luto narcísico". Deixarmos de pensar que tudo é sobre nós porque na realidade na maioria das vezes nem é.

Que tenham um 2024 tão intensamente bom quanto foi para mim assistir a este filme.

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